terça-feira, 17 de março de 2009

CONCEITOS E PRÉ-CONCEITOS SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE: "le munde en rose shockê"

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Já tentei entender esse mundo em rosa choque, mas sinceramente não o consigo. Porque rosa, cor de meninas recém-nascidas? Aliás fora de moda. Porque essa depreciação? A psiquê de cada um é complicada, há os gays que se sentem mulheres presas num corpo de homem, nada contra, não tenho preconceito, mas não é o meu caso. Iniciei minha vida sexual como ativo, só alguns anos mais tarde fui passivo também, assim como minhas primeiras transas foram com outros homens e só depois tive experiências com algumas mulheres. Não me agradou, preferi os homens. Ainda tentei a bissexualidade por alguns anos, depois desisti de vez e cheguei a conclusão de que o que realmente me agradava era o corpo de outro homem. O corpo de "outro homem", não simplesmente o "corpo de homem", porque mesmo sendo entendido desde os quinze anos (se contar desde a minha 1ª experiência, por que se levar em conta a tendência e o desejo, posso dizer que sou entendido desde sempre, ou pelo menos desde quando consigo me lembrar), nunca me senti feminino nem afeminado, nunca tive o desejo de "ser mulher', ou me portar como se fosse, ou mesmo de brincadeira me montar, nem mesmo pra brincar carnaval. Sinto-me bem a vontade com minha condição e corpo masculinos, e de forma alguma me sinto menos homem do que qualquer hétero. Homem e mulher é gênero, não é sexualidade, e tem gente que não compreende isso. Aí vem aquelas pessoas de cabeça tacanha que pensam, e às vezes se têm liberdade suficiente pra isso até perguntam: "se você não tem vontade de ser mulher, então porque trepa com homem?... Tá, estou tentando ser fino e educado, vamos no popular: " se você não quer ser mulher, então por que dá o cú?" Como se o que faço e o que me dá prazer pudesse mudar meu gênero... Sempre fui versátil, tive parceiros ocasionais só ativos, ou só passivos, mas meus namorados, aqueles com quem desenvolvi um relacionamenro durante algum tempo, em geral eram versáteis também. Os que não eram, isso acabou sendo a causa da separação, pela insatisfação que eu sentia em relação ao sexo por me faltar ou a bunda, ou o cacete. Agora estou saindo com um carinha que é únicamente ativo, e que no passado já conviveu também com mulher. Isso não é problema, passado todos tem o seu, o que importa é como se vive o presente. Depois de dez meses de separação, pela primeira vez e depois de muita pegação e sexo casual, resolvi investir numa relação de novo. Primeiro medi os prós e os contras, e analisei, será que vou conseguir viver sem meter, sendo só passivo pra ele? Mas ele foi tão meigo e carinhoso nos primeiros tempos que decidi fazer uma tentativa. Mas não demorou muito e começaram a aparecer as neuras, não as minhas, quando decidi fazer esse investimento eu já sabia as condições e as aceitei, mas as neuras dele... Trata-se de um cara que saía esporadicamente com outros caras quando tinha oportunidade, mas sem nunca assumir compromisso e perante a todo mundo era "HOMEM". É a primeira vez que ele mantém um relacionamento fixo com outro cara, e agora seus grilos e seus próprios preconceitos estão despontando. No começo foi a lua de mel, mas como eu sou totalmente assumido e todo mundo que me conhece tem consciência da minha sexualidade, mesmo não tendo um comportamento afeminado, a constância de sua compnhia já deixou bem claro pra todo mundo que nós estamos de caso. Trepar comigo não era nem nunca foi um problema pra ele, todo mundo saber que a gente trepa, esse sim é o problema. Tem dias que ele está muito excitado e o sexo fica até muito bom, como nas primeiras vezes, mas em outros dias ele diz que se sente incomodado com o contato do meu pênis no seu corpo e brinca dizendo que vai cortar ele fora, e pra se sentir mais homem e ter certeza que ele é o macho do casal, quer me chamar de "sua mulher", coisa que eu já desaprovei e corrigi dizendo que era seu companheiro, não sua mulher. Mesmo assim ele insiste nessa idéia, já avisei que se ele se referir assim a mim na frente de alguém o tempo vai fechar feio pro lado dele e a merda vai feder, porque eu estou muito satisfeito de ser exatamente o que sou e como sou, e não quero agir nem ser tratado de outra forma. Será tão difícil compreender que eu não me sinto nem tenho vontade de ser mulher, que sou simplesmente um homem que gosta de transar com outro homem e não se sente atraído por mulheres? Mas o comportamento dele tem me feito pensar nessa idéia generalizada do "gay cor de rosa", de como surgiu esse rótulo e a escolha específica de uma cor que tradicionalmente representa o sexo feminino há séculos incontáveis. Talvez isso tenha surgido por causa dos gays ativos (ou mesmo passivos, só que bem trancados no seu armário) que esperam de nós esse comportamento ou essa postura de se colocar no lugar da mulher, para que eles se sintam menos gays e mais homens ao nosso lado. É a velha história que já ouvi tanta gente falar: "Eu como bunda de veado, mas não sou gay, o cú não dou de jeito nenhum". Até parece que ser gay é só uma questão de cu e de quem dá ou come. Se um homem trepa com outro homem, não importa se dá, se come, ou se faz "troca-troca", ele é gay, ele sente desejo e prazer por outra pessoa do mesmo sexo, e quanto a sua forma de realizar e concretizar esse prazer, aí já é outra questão. Esse cara que eu estou saindo talvez se sentisse satisfeito se eu fosse aquele tipo de gay afeminado, "cor de rosa", pois no fundo o que o incomoda é que na rua, em público, eu tenho um comportamento tão masculino quanto o dele, e isso é uma ameaça para a sua masculinidade, pois jamais vai admitir que é gay também, ativo, porém gay. O que o incomoda mesmo é as outras pessoas pensarem que ele também possa estar dando o cú... como se moral e macheza se resumisse a um simples buraquinho que cada um tem o seu e faz dele o uso que muito bem entende sem que isso devesse incomodar mais ninguém. Mas incomoda, e muito, porque ao invés de se preocupar com seu próprio bem estar e felicidade, muita gente deixa a vida passar preocupado com que os outros pensam a seu respeito, se trancam no armário, ou só saem parcialmente, desde que ninguém tenha dúvida de qual dos dois é o macho do casal. Entre "os homens", embora eles zoem os que admitem que transam com outros homens, existe uma certa tolerância desde que não se dê a bunda. Para eles gostar do contato da pele e do corpo masculino pode até ser considerado sem-vergonhice, mas só é depreciativo e humilhate se você estiver dando a bunda. Se a 'mulherzinha', então, tiver casa própria, um bom salário e um nível de vida razoável, a tolerância é maior ainda: "Fulano tá se dando bem com aquele veado...", não porque está recebendo carinho, atenção e tem um pessoa que se procupe com ele, mas porque "a bicha tá bancando". O "machinho" deixa os amigos héteros continuar pensando assim, mesmo que ele esteja realmente apaixonado, pois assim ele continua sendo homem, e os amigos toleram sua situação porque ele só está tirando proveito... Quanta falsidade e dissimulação há nesse mundo, e como são pequenos os limites da moralidade... Quando será que as pessoas vão finalmente compreender que sexualidade não se escolhe, que homens trepam com homens porque gostam e se sentem atraídos, que ser passivo, ativo ou versátil são só variações de uma mesma situação e que cada um sente prazer a seu próprio modo, que chupar cacete, dar o cú ou meter não modifica a personalidade e a dignidade de ninguém, que isso é a intimidade de cada um e não atrapalha a vida de mais ninguém, logo não devia ser motivo de escândalo nem vergonha, que ser cor de rosa ou "não parecer" ser gay é uma questão psicológica e não tem nada haver com quem dá ou come... Há um longo caminho a ser percorrido até que finalmente a sociedade no geral realmente nos aceitem ou entendam, não é fácil, nada fácil, pois entre nós mesmos, muitos ainda não se entendem ou se aceitam. Haja visto esse rapaz que está comigo e que provavelmente vai acabar me largando por que não vai aguentar a pressão de assumir outro homem como companheiro. Não espero outro desfecho pra isso, logo não me iludo, não me agarro nem me apaixono perdidamente, me poupo assim de novos sofrimentos e desilusões, até porque, amor na minha vida só houve um, que ainda amo e sinto falta, mas que já desisti, pois amor tem que ser uma rua de mão dupla, não adianta amar sosinho. Vou seguir em frente e achar alguém de quem eu goste muito e que me goste também, talvez seja esse de agora, mas tenho minhas dúvidas por causa dele mesmo e de suas próprias limitações e preconceitos... Mas amor mesmo, ah!, isso é muito difícil, vou deixar o meu guardado aqui dentro do peito pra sempre, de vez em quando afago esse sentimento e essa saudade pra não me sentir muito sosinho e lembrar que um dia fui muito feliz, mas que o mundo não foi feito para a felicidade, que os amores existem pra deixar saudade, que pra viver a dois é preciso mais do que estar amando, é preciso se estar disposto a isso, a superar juntos as dificuldades, admirar e exaltar carinhosamente as qualidades de seu companheiro, tolerar seus pequenos defeitos e ser forte para tentar corrigir os realmente grandes e sérios, e principalmente estar ambos disposto a abrir mão de sua individualidade, porque agora são dois e não apenas um, sem com isso perder a personalidade e a essência. Não é fácil, realmente não é mesmo, mas muito mais difícil é conseguir isso ao lado de um grande amor, pois esse só vai acontecer uma vez e deixar lembrança pro resto da vida, nunca vai morrer dentro do peito, mas vai ser substituído por um outro tipo de amor mais maduro e seguro, um "gostar" ameno e tranquilo, em que duas pessoas se repeitam, se gostam, se sentem bem um ao lado do outro, e se predispõe a viver juntas, mesmo sendo tarefa tão difícil, e que proporcione paz e harmonia, ainda que sem grande paixão.

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