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ALEXANDRE |
Embora
seu verdadeiro título fosse Alexandre III da Macedônia, ele se tornou mais
conhecido pelo apelido Alexandre o Grande, as vezes também chamado Alexandre o
Magno, entrando para a História como o maior conquistador de todos os tempos.
Alexandre
nasceu em 20 de julho de 356 a.C., era um dos 3 filhos do rei Filipe II e de
Olímpia do Épiro, uma fiel mística e ardente seguidora do deus grego Dioniso, e
faleceu em 10 de junho de 323 a.C., na Babilônia.
Em sua
juventude, teve como preceptor o filósofo Aristóteles. Aos 20 anos apenas,
tornou-se rei da Macedônia, na sequência do assassinato do seu pai. A sua
carreira é sobejamente conhecida: conquistou um império que ia dos Balcãs à
Índia, incluindo também o Egito e a Báctria (aproximadamente o atual
Afeganistão). Este império era o maior e mais rico que já tinha existido.
Existem
várias razões para esses grandes êxitos militares, um deles é que Alexandre era
um general de extraordinária habilidade e sagacidade, talvez o melhor de todos
os tempos, pois ele nunca perdeu nenhuma batalha e a expansão territorial que
ele proporcionou é uma das maiores da história, a maior expansão territorial em
um período bem curto de tempo. Além disso era um homem de muita coragem pessoal
e de reconhecida sorte.
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ALEXANDRE |
Ele
herdou um reino que fora organizado com punho de ferro pelo pai, que tivera de
lutar contra uma nobreza turbulenta que frequentemente reclamava por mais
privilégios, as ligas lideradas por Atenas, e Tebas (a batalha de Queroneia
representa o fim da democracia ateniense e por arrastamento das outras cidades
gregas e de uma certa concepção de liberdade), revolucionando a arte da guerra.
A sua
personalidade é considerada de formas diferentes segundo a percepção de quem o
examina: por um lado é visto como um homem de visão, extremamente inteligente,
tentando criar uma síntese entre o oriente e ocidente, encorajando inclusive,
para isso, o casamento entre oficiais seus e mulheres persas, além de utilizar
persas ao seu serviço. Ficou conhecido também pelo repEito e dignidade com que
tratava o povo das cidades que conquistava, acolheu bem a família de Dario III
e permitiu às cidades dominadas a manutenção de governantes, religião, língua e
costumes. Era também admirador das ciências e das artes e fundou, entre algumas
dezenas de cidades homônimas, Alexandria, que viria a se tornar o maior centro
cultural, científico e econômico da Antiguidade por mais de trezentos anos, até
ser substituída por Roma.
Por outro
lado, Alexandre era também profundamente instável e muitas vezes agia de forma
sanguinária, como por exemplo quando destruiu as cidades de Tebas e Persepólis
e quando assassinou Parménio, o seu melhor general.
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BAGOAS |
São
muitos os feitos históricos desse personagem, vilão para alguns e para outros
um grande herói, e seria por demais longo descrever a todos. Teve pelo menos
duas esposas, Roxana, filha de um nobre pouco importante, e a princesa persa
Statira II, filha de Dario III da Pérsia. O filho que teve de Roxana, Alexandre
IV da Macedônia, morreu antes de chegar à idade adulta.
Seu
casamento com Statira tinha claramente intenções políticas, na verdade era uma
estratégia para conquistar a fidelidade e a simpatia do povo persa, que ele já
havia conquistado militarmente; já seu envolvimento com Roxana tornou-se
célebre, ficando conhecida como uma das grandes histórias de amor de todos os
tempos, mas a verdade não era bem essa.
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FRANCISCO BOSCH COMO
BAGOAS NO FILME "ALEXANDRE" |
É muito
conhecida a paixão que Alexandre nutriu pelo eunuco Bagoas [Bagoi no idioma
persa antigo], que foi um de seus cortesãos e amantes favoritos. Destinado
desde menino a ser eunuco, Bagoas foi castrado, escravizado e feminilizado
pelos exércitos do rei persa Dario III, e, apesar de casado com a filha de
Dario, na verdade era Bagoas a quem Alexandre mais comumente
"procurava" e normalmente dividia seu leito.
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COLIN FARRELL E FRANCISCO BOSCHCOMO
BGAGOAS E ALEXANDRE |
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Foi na verdade por causa
de Bagoas a atitude de Alexandre em relação ao persas e sua decisão política de
tentar integrar completamente os povos conquistados
ao seu império ao invés de simplesmente massacrá-los e dominá-los, levando-o
inclusive, para esse fim, ao casamento com a princesa Statira.
Mas apesar de sua grande paixão pelo eunuco, ainda
não foi Bagoas o verdadeiro grande amor de Alexandre, esse mérito pertence a
Heféstion, seu
amigo de infância e seu principal e mais importante colaborador em suas
conquistas ao longo de seus doze anos de constantes campanhas militares.
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COLIN FARRELL E JARED LETO
NO FILME ALEXANDRE
COMO ALEXANDRE E HEFÉSTION |
O
historiador Arriano de Nicomédia, uma das mais respeitadas fontes sobre
Alexandre, escreveu que Heféstion foi a pessoa a quem Alexandre mais amou em
toda sua vida.
Era muito
comum na antiguidade o envolvimento entre homens, o que não impedia que eles
casassem e constituíssem família, isso era normal na cultura de muitos povos
antigos, em especial os gregos, houve mesmo um período em que a união entre
homens era considerada a única realmente pura, enquanto a ligação com mulheres
era com fins unicamente procriativos.
Heféstion
Amintoros, nascido em 356 a.C. e falecido em 324 a.C., era filho de Amíntor, um
nobre da Macedônia. Foi educado juntamente com Alexandre e teve também como seu
professor o filósofo Aristóteles. Sabe-se que, entre os trabalhos do filósofo,
há um livro perdido de cartas a Heféstion.
Ele foi
vice-comandante do exército de Alexandre, seu grande amigo e
"companheiro" de toda a vida. Acompanhou Alexandre na sua campanha
asiática desde o princípio, combatendo como general na cavalaria de elite.
Quando passaram pela cidade de Tróia (hoje, na Turquia), Alexandre foi honrar a
sagrada tumba do herói Aquiles, levando Heféstion consigo para honrar a de
Pátroclo (no século V a.C. criou-se o mito que esses dois heróis da Ilíada
foram amantes, embora Homero nada tenha deixado explícito).
Como já
foi dito acima, no mundo grego a homossexualidade masculina era vista com total
normalidade e, com esse gesto, Alexandre deixou transparecer perante todo o
Exército a verdadeira natureza da relação que ambos compartilhavam .
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JARED LETO COMO HEFÉSTION |
Após a
batalha de Gaugamela (norte da Mesopotâmia), os dois foram inspecionar a tenda
da família real. Um dos episódios mais conhecidos sobre Heféstion foi quando
ambos conheceram Estatira e Sisigambis, respectivamente filha e mulher do rei
Dario. Segundo o historiador Cúrcio Rufo, a rainha mãe olhou para os dois
homens mas prostrou-se perante Heféstion, que era mais alto e bonito e, segundo
a lógica persa, quem mais chamava a atenção era o rei. Ao ser alertada pelo seu
engano, ia prostrar-se novamente perante a Alexandre, mas este a levantou e a
corrigiu dizendo: "Não te preocupes rainha mãe, não cometeste erro nenhum.
Ele também é Alexandre".
Por ser
um dos poucos em quem Alexandre confiava, além de sua autoridade militar,
também recebeu amplos poderes políticos. Antes da invasão da Índia e cruzar o
Hindu Kush, no atual Afeganistão, Alexandre o nomeou ministro, reconhecendo
como segundo homem do seu reino. Quando Alexandre casou-se com a princesa
Estatira da Pérsia, filha do rei Dario, deu a Heféstion por esposa a jovem
princesa Dripetis, de modo que passaram a ser cunhados.
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COLIN FARRELL COMO ALEXANDRE |
No outono
de 324 a.C., no retorno após terem conquistado o Vale do Indo, quando o
exército macedônio se estabelecia em Ecbátana para passar o inverno, Heféstion
caiu doente e não se adaptou à dieta rígida. Desconsiderou as prescrições
médicas, comeu frango assado, bebeu vinho arrefecido e morreu. Os sintomas
apontaram febre tifoide, mas suspeitou-se de envenenamento. Independente da
causa de sua morte, os historiadores dizem que Alexandre ficou louco de dor,
cortando os próprios cabelos e as crinas dos cavalos do exército, mandou
crucificar Glaucias, o médico que havia atendido Heféstion. Até os toques de
flautas ficaram proibidos no acampamento. Após massacrar a revoltosa tribo dos
Cosseanos, numa contenda intitulada Sacrifício Fúnebre de Heféstion, Alexandre
celebrou fabulosos jogos funerais em sua homenagem e determinou que se deveria
adorar Heféstion como um herói divino. Guardou um luto rígido durante meses e,
pouco tempo depois, ainda estava construindo um esplêndido monumento funerário
em honra ao amigo, quando o próprio Alexandre, então na babilônia, veio a
falecer.
Muitos
dos fatos históricos da antiguidade nunca foram plenamente eclarecidos devido à
falta ou carência de documentação e registros escritos, muitos deles perdidos
ao longo do tempo.
Os
célebres incêndios das bibliotecas de Alexandria, da Babilônia e de Roma consumiram
muitos desses registros, outros foram intencionalmente destruídos no princípio
da era cristã com o intuito de esconder determinadas verdades; e a morte de
Alexandre é um desses fatos dos quais não se tem certeza absoluta de como
realmente aconteceu, mas malária, envenenamento, febre tifóide e encefalite
virótica são algumas das possíveis causas.
Há quem defenda que o que levou o
grande conquistador a morte foi o fato de jamais superar a perda de Heféstion
pouco menos de um ano antes, levando-o ao alcoolismo extremo, outra provável
causa da sua morte. No caso de envenenamento ser a alternativa correta, ainda
paira a dúvida se Alexandre teria sido envenenado por terceiros ou se na verdade
envenenou a si mesmo, cometendo suicídio no desespero da dor insuportável pela
morte de Heféstion.